Esquema tinha ao menos 11 integrantes e era chefiado por dois policias penais. Duas operações que investigam o comércio ilegal de arma foram deflagradas pela PF em Roraima nessa quarta-feira (23).
Investigações apontam que um esquema de venda ilegal de arma, operado por policiais penais em Roraima, tinha garimpeiros como principais compradores. A Polícia Federal deflagrou, nessa quarta-feira (23), duas operações para investigar o caso e uma delas teve como alvo o comandante da Polícia Militar do estado, Miramintol Goiano, e o deputado estadual e policial penal Rarison Barbosa (PMB) (entenda mais abaixo).
Os desdobramentos são decorrentes de investigação iniciada na Operação Alésia, deflagrada em 2020 pela PF para investigar agentes penitenciários suspeitos favorecer uma facção criminosa nas unidades prisionais do estado.
Durante as investigações da Operaçao Alésia, a PF descobriu um esquema de venda ilegal de armas liderado por policias penais e com participação de um policial civil. As negociações de armas aconteciam principalmente através do WhatsApp, segundo as investigações, e miravam garimpeiros, visando maior lucro.
👉 A operação que mirou o comandante Miramilton Goiano e o deputado Rarison Barbosa, também foi resultado da análise de documentos apreendidos na Operação Alésia. No entanto, são operações diferentes, ambas da PF. Não houve menção a venda de armas e munições para garimpeiros nas investigações que miram o comandante.
👉 No total, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão no âmbito das duas operações. Nove no esquema que envolve os policias civis e sete no âmbito da operação que investiga Miramilton.
Procurado, o governo de Roraima informou que deve abrir processo administrativo disciplinar contra todos os envolvidos nas investigações, e permanece à disposição dos órgãos de fiscalização e controle.
“O Governo de Roraima destaca ainda que não compactua com qualquer comportamento que fira os princípios éticos das forças de Segurança Pública ou quaisquer outros órgãos da esfera estadual”, disse em nota.
Já a Polícia Civil disse que não foi oficialmente notificada sobre as operações, mas que acionou a Corregedoria-Geral da Polícia para acompanhar o caso e adotar as providências necessárias. A instituição detalhou ainda que o policial investigado é do quadro da União e lotado em uma unidade da Polícia Civil.
“A Polícia Civil ressalta que não compactua com qualquer tipo de conduta ilícita por parte de seus servidores e, por isso, o funcionário em questão será devidamente investigado pela Corregedoria. Embora ele pertença ao quadro da União, em razão de sua lotação em uma unidade da Polícia Civil de Roraima, a investigação será conduzida pela Corregedoria da instituição.”
Ao menos 11 pessoas participam do grupo criminoso, sendo nove da segurança penal, segundo as investigações. Um policial civil também é suspeito de integrar o esquema e um garimpeiro é investigado por comprar armas e munições.
“Após a análise do material arrecadado na Operação Alésia, descobriu-se uma nova possível ORCRIM [Organização Criminosa] voltada, em tese, ao comércio ilegal de armas de fogo e munições de diversos calibres, sendo que uma parcela desse grupo é composta por Policiais Militares, Policiais Civis e Policiais Penais. Inclusive, os principais clientes desse consórcio criminoso são garimpeiros”, destaca a investigação.
Nas investigações, a PF apontou que o grupo dos policiais penais atuava da seguinte forma:
- Dois policiais penais lideravam o esquema;
- Outros envolvidos adquiriam munições de forma regular junto a lojas autorizadas;
- O material era repassado a um dos líderes do grupo;
- Outros membros ficavam encarregados de buscar os compradores, “preferencialmente, garimpeiros, pois pagam mais”, cita as investigações;
- As negociações aconteciam principalmente através do WhatsApp.
A PF chegou pedir a prisão preventiva dos investigados, porém a juíza Daniel Schirato, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), deferiu em parte os pedidos. Apenas os mandados de busca e apreensão foram autorizados pela Justiça.
Operações da PF
O deputado estadual e o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima são alvos da Polícia Federal em duas operações que investigam a venda ilegal de armas de fogo e munições no estado. Os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão.
Dois filhos do coronel Miramilton, que são policiais penais, também foram alvos de buscas da PF. Eles cursam medicina na cidade de Fernandópolis, interior de São Paulo, onde agentes federais cumpriram duas ordens de apreensão.
Investigações da PF identificaram “uma intensa negociação de munições e armamentos pelos suspeitos”, que ocorriam de forma ilegal. A operação foi deflagrada em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima.