Presidente do PT garantiu que permanece no cargo até junho de 2025, quando conclui o mandato. Nome de Gleisi é cotado, nos bastidores, para assumir um ministério a partir do ano que vem.
Em meio a especulações sobre a sucessão no PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do partido, afirmou que permanecerá no comando da sigla até junho de 2025, quando encerra o seu mandato.
Gleisi nega que tenha recebido de Lula qualquer pedido ou sondagem para deixar a presidência do partido antes do prazo.
“Ele nunca me falou isso. Recebi do presidente a missão de comandar o partido e vou cumprir meu mandato no PT até o final”, disse ao g1 nesta quarta-feira (23).
Gleisi comanda o partido desde 2017. É a presidente mais longeva da história da sigla.
A deputada atribuiu a um “pessoal ansioso demais” as informações de que ela anteciparia a saída do comando do PT para o início do ano que vem.
“Eles vão ter que esperar, não tem como ser diferente. Um processo eleitoral de troca da direção é demorado”, afirmou, referindo-se ao PED (Processo de Eleições Diretas) do partido, em que os filiados votam para escolher os integrantes do diretório nacional, incluindo o presidente.
Gleisi Hoffmann sobre frente ampla: ‘Calma, tem muito ministério ainda para indicar’
Ministros do governo e aliados de Lula apostam que o presidente fará uma reforma ministerial no início de 2025, reorganizando seu gabinete para a segunda metade do governo, de olho na formação de um palanque para 2026.
O nome de Gleisi é cotado, nos bastidores, para assumir uma pasta, como a Secretaria-Geral da Presidência. A saída antecipada teria relação com esse processo. “O presidente Lula nunca falou comigo sobre isso, não tenho pretensão de ser ministra.”
Se Gleisi antecipar o final do mandato, qualquer integrante do diretório nacional estará apto a assumir a vaga, conforme definido no estatuto do PT. Normalmente essa escolha ocorre por consenso.
Impacto das eleições municipais
O resultado negativo do PT no primeiro turno das eleições apressou o debate sobre a sucessão de Gleisi e intensificou uma disputa antiga do partido, entre o PT de São Paulo e o PT do Nordeste.
Os dois nomes que aparecem hoje como possíveis substitutos de Gleisi são o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, e o deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados. Dos dois, apenas Guimarães integra o diretório nacional.
Aliados de Lula no PT de São Paulo afirmam que Edinho continua sendo o favorito do presidente para assumir o comando do PT, mesmo após a derrota sofrida em sua própria cidade. Edinho não conseguiu eleger a sua sucessora em Araraquara.
Os defensores do nome de Edinho para a presidência dizem que a derrota não abala o favoritismo dele.
Aliados do prefeito afirmam que ele possui um perfil conciliador e teria a capacidade de “arejar” o PT, estabelecendo com setores mais conservadores da política e da sociedade.
‘Disputas internas’
Os que defendem que o próximo presidente seja alguém do Nordeste argumentam que a região é a que dá mais votos ao partido já há algum tempo.
Outra alegação é que o PT de São Paulo já tem muito poder no Congresso e no governo Lula, o que contrasta com o desempenho eleitoral ruim do partido no estado.
Gleisi afirma que o objetivo dela, nesta reta final de mandato, é impedir que as disputas internas enfraqueçam o partido.
“Ambos têm legitimidade para pleitear a presidência, seja pelos resultados que o partido conseguiu no Nordeste, seja pela experiência do PT de São Paulo. Precisamos criar uma unidade nesse processo.”
A Executiva Nacional do PT fará um balanço do resultado das eleições na próxima segunda-feira. Em dezembro, o partido organizará um seminário de três dias, em Brasília, para debater o futuro e organizar as eleições para a nova direção.