Cenário ainda reflete incertezas após aprovação do marco fiscal na Câmara e pela política monetária dos EUA
O mês de maio foi marcado, no cenário interno, pela aprovação do novo marco fiscal na Câmara dos Deputados28/10/2021 REUTERS/Amanda Perobelli
O mês de maio foi marcado, no cenário interno, pela aprovação do novo marco fiscal na Câmara dos Deputados. O texto foi aprovado com ampla maioria e trouxe algumas mudanças da matéria original encaminhada pelo Executivo.
No período, o Ibovespa fechou o mês com saldo positivo de 3,74%. Já o dólar subiu 1,72% ante o real.
A avaliação feita por corretoras é de que, apesar de o novo arcabouço fiscal aprovado ainda não ser capaz de estabilizar a dívida pública em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), o projeto é mais restritivo do que o originalmente enviado pelo governo.
Agora as atenções do mercado se voltam para a reforma tributária, considerada o próximo tema de grande importância.
“Acreditamos que a reforma do imposto sobre vendas enfrentará obstáculos para ser aprovada no curto prazo, uma vez que a resistência de vários setores dificultará a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) unificado para todas as áreas”, pondera o relatório da Genial Investimentos.
O entendimento é de que a reforma deve levar à tributação de dividendos, ao fim dos benefícios fiscais de juros sobre o capital, ao aumento da taxação para indivíduos de alta renda e à mínima, ou nenhuma, redução nos impostos corporativos, além da expectativa de aumento das receitas fiscais do governo.
“Por fim, a desaceleração dos índices de inflação no Brasil começou a influenciar de maneira mais intensa as expectativas do mercado em relação à trajetória da Selic, com os mercados precificando a hipótese de que o Banco Central (BC) iniciará os cortes de juros em setembro”, pontua a Genial.
No cenário externo, uma das principais questões que capturaram a atenção dos investidores foi a negociação em torno do limite do teto da dívida nos Estados Unidos.
Com relação ao Federal Reserve (Fed, o banco central do país), o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizou uma incerteza sobre a necessidade de um aumento adicional na taxa básica de juros dos EUA. A posição do banco é de tomar decisões em uma base “reunião por reunião”.
Perspectiva
Neste contexto, os investidores devem considerar que, embora as incertezas a respeito do movimento da taxa Selic para este ano, o mercado segue aumentando suas apostas para uma redução.
Além disso, a falta de clareza quanto à eficiência na nova política fiscal persiste, mas está marginalmente melhor.
Em paralelo, a visão dos investidores estrangeiros, “não é tão negativa para Brasil, desde que não haja rupturas”, segundo avaliação da Ativa Investimentos.
Com isso, a corretora diz que mantém uma expectativa cautelosa no longo prazo, porém mais otimista para o curto prazo.
“A aproximação do possível início do período de redução dos juros, somado a um ambiente político ainda ruim, porém com algumas demonstrações de força por parte do congresso e com o nível de valuation muito atrativo das empresas, devem manter o mercado com tendência de alta”.
Da mesma maneira, o BTG Pactual entende que houve melhora no ambiente de investimentos, o que pode favorecer as ações.
“O ambiente de investimentos do Brasil melhorou consideravelmente em maio, após uma série de desenvolvimentos positivos no lado fiscal/político e dados macroeconômicos indicando atividade econômica e inflação melhores do que o esperado — inflação mais baixa reforça que o BCB pode começar a cortar a taxa Selic em agosto/setembro”, analisa o banco.
A Genial diz que é crível que as oportunidades de alocação agora se apresentam de forma mais evidente nas empresas vinculadas à economia local.
“Apesar de a maioria das empresas domésticas de alta qualidade e longa duração terem apresentado bom desempenho no último mês, acreditamos que ainda há margem para mais valorização”.
Sendo assim, bancos e corretoras consultadas pela CNN recomendaram ações com maior potencial para o mês de junho. Para a montagem desta carteira, participaram: Banco do Brasil, Inter, Santander, BTG Pactual, XP, Genial, Guide, Ativa e Warren Investimentos.
Liderando as recomendações aparece o Itaú Unibanco com 6 sugestões para investimentos. Em seguida, com 5 recomendações, estão Multiplan, Vale e Petrobras.