Pacientes que fazem uso do medicamento Ozempic – nome comercial da semaglutida vendida pela farmacêutica Novo Nordisk – relataram nas redes ter recebido uma mensagem da fabricante sobre a possibilidade da falta do remédio nas drogarias, indicado para tratamento de diabetes tipo 2 de difícil controle.
“NovoDia: Lamentamos informar que Ozempic 1mg pode estar em falta nas farmácias. Mas não se preocupe, existem outras opções da mesma classe terapêutica. Para manutenção do seu tratamento, consulte seu médico”, diz o alerta enviado pela Novo Nordisk.
“Durante esse período, os pacientes com diabetes tipo 2 afetados têm a opção de mudar o tratamento para outros medicamentos da mesma classe (análogos de GLP-1). Para isso, eles devem consultar o seu médico e seguir estritamente as suas orientações”, afirma a empresa.
A expectativa é que o abastecimento seja normalizado durante o segundo trimestre do ano. Sobre motivos para a alta demanda, a farmacêutica diz que “não é possível rastrear a finalidade de uso do produto pelo paciente”, mas que também “não promove nem incentiva nenhuma promoção off-label de seus produtos (em desacordo com as informações descritas na bula do medicamento)”.
A semaglutida simula um hormônio chamado GLP, que promove saciedade para o paciente. O mecanismo é importante para os indivíduos que têm diabetes tipo 2, e também para pessoas com obesidade. Há uma outra apresentação da substância, chamada Wegovy, que recebeu recentemente o aval da Anvisa para ser usada no tratamento da doença.
No entanto, diversas pessoas que buscam emagrecer apenas para fins estéticos têm passado a recorrer ao remédio, um uso não indicado pela bula, chamado de off-label. O movimento, mundial, tem provocado desabastecimentos em uma série de países, como Austrália e Estados Unidos.
A realidade tem preocupado sociedades médicas, que temem que pacientes com diabetes tipo 2 que dependem do medicamento não tenham acesso devido à alta demanda gerada pelo uso indevido.
Além disso, “o mau uso, uso estético ou inadequado de medicações antiobesidade, além de expor pessoas a risco sem indicação de uso, aumenta o estigma do tratamento de quem já sofre com diversos preconceitos em nossa sociedade”, defenderam a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), em nota publicada na última semana.